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Dados editoriais
A história editorial da Seara Nova, no período de 1921 a 1984, mostra-se não só muito extensa mas também invulgarmente complexa, desde logo pelas vicissitudes que teve de vencer ao longo dos quarenta e oito anos da ditadura salazarista e marcelista a que se opôs firmemente.
Os seareiros de maior destaque conheceram, após 1927, o exílio, a prisão e, mesmo, o banimento; a Censura passou, na mesma ocasião, a rejeitar e retalhar as provas que lhe eram remetidas, obrigando a fazer e refazer cada uma das edições, em alguns casos a proibi-las integralmente; a asfixia económica pairou continuadamente sob a viabilidade da revista, além de degenerar em tensões internas que cindiram os sócios e os redactores, os quais apresentaram, por mais de uma vez, a intenção de pôr fim ao periódico.
Uma vida tão atribulada e longa reflectiu-se necessariamente na publicação do que começou por ser um quinzenário com uma tiragem de 8000 exemplares e pronta audiência junto de meios sociais e políticos muito distintos, de anarquistas a fascistas. Com a Ditadura, a Seara tornou-se um periódico que se foi adaptando à adversidade: o corpo redactorial tornou-se incerto; a natureza mais doutrinária ou literária do periódico oscilou; a periodicidade conheceu irregularidade e apresentou hiatos extensos; o número de páginas de cada edição diferiu muito significativamente; as constelações de autores influentes conheceram sucessivas reconfigurações.
Face a estas circunstâncias, o registo e a análise, mesmo que muito sumários, da história editorial da revista não se mostra compatível com um simples texto de apresentação num sítio web, como é o caso do portal Revistas de Ideias e Cultura.
Resta-nos deixar uma nota geral e, fundamentalmente, remeter o leitor para o verbete em que Daniel Pires coligiu, ao longo de mais de cem páginas, o essencial dos dados editoriais da Seara Nova.
O apontamento pretende sublinhar a perseverança de muitos dos seareiros da primeira hora, em que Luís da Câmara Reys, que administrou a revista durante quase quatro décadas, se destacou. Augusto Casimiro, que assumiu as mesmas responsabilidades após a sua morte em plena campanha eleitoral de 1960, confirma esta relação de fidelidade à obra comum que durou vidas completas, extensível, igualmente, a Jaime Cortesão ou mesmo a outras figuras gradas da cultura, que tendo conhecido momentos de afastamento da revista não deixaram de regressar, mais tarde, às suas páginas.
A remissão para o verbete de autoria de Daniel Pires alicerça-se em duas ordens de razões. Trata-se, por um lado, do estudo mais completo acerca do percurso editorial da Seara Nova, cujas balizas temporais coincidem, aliás, com os anos de edição considerados no presente sítio web. Contém e realça, por outro lado, todos os elementos factuais e de contexto que definem o padrão de indicação dos dados editoriais seguidos em Revistas de Ideias e Cultura (vide Daniel Pires, Dicionário da Imprensa Periódica Literária Portuguesa do Século XX (1941-1974), Lisboa, Grifo, 2000, vol. II, 2.º tomo, pp. 430-535).
Luís Andrade