Francisco Lyon de Castro
Adelino Lyon de Castro
Piteira Santos

Dados editoriais

O mensário Ler, Jornal de Letras, Artes e Ciências surgiu em Abril de 1952 e conheceu a sua derradeira edição em Outubro de 1953. Propriedade das Publicações Europa-América, teve como director Francisco Lyon de Castro e como editor o seu irmão Adelino Lyon de Castro, até ao falecimento deste, que determinou que o director tenha acumulado as suas funções com as de editor interino por ocasião da derradeira edição do título.

Incluiu dois suplementos: o primeiro, na edição de Junho de 1952, dedicado às Feiras do Livro de Lisboa e do Porto, e o segundo, em Julho de 1953, comemorativo do centenário do nascimento de Van Gogh.

A administração do jornal esteve sediada nos escritórios das Publicações Europa-América, na Rua da Barroca, n.º 4, ao Bairro Alto, ao mesmo tempo que o estabelecimento de que a editora dispunha, na vizinha Rua das Flores, n.º 45, se tornou lugar de convívio assíduo de muitos dos homens de letras que frequentavam os cafés e as livrarias do Chiado.

A composição e impressão estiveram a cargo da Belagrafia, na Travessa do Noronha, n.º 28, na edição inaugural, e passaram, de seguida e definitivamente, para a Editora Gráfica Portuguesa, Lda., na Rua Nova do Loureiro, n.º 32.

Ler deu sequência ao boletim que as Publicações Europa-América já publicavam, com o mesmo título, certamente por motivos relacionados com as dificuldades administrativas e censórias com que a imprensa periódica se confrontava. Foi, aliás, um pretexto formal, a morte do editor, que justificou a suspensão da publicação.

A iniciativa partiu de Francisco Lyon de Castro, que concertou com Fernando Piteira Santos a realização de uma reunião com intelectuais oposicionistas próximos destinada a expor os objectivos da publicação e a escolher o núcleo de autores que assegurasse a sua redacção.

O interesse manifestado pelo público letrado no único jornal literário nacional da época encontra-se reflectido no facto de a edição inaugural ter conhecido duas tiragens, pois a primeira depressa esgotou, num total de 15 000 exemplares, na hipótese colocada em editorial, após os primeiros cinco meses, de a periodicidade passar a quinzenal, ou, mesmo semanal, e na confissão, em editorial da derradeira aparição, que o título estava a imprimir 6 300 exemplares.

É de notar, ainda, que a relação entre a casa editora e muitos dos colaboradores do jornal se prolongou para além da sua extinção, como aconteceu com Mário Dionísio, de que as Publicações Europa-América editaram, logo de seguida, os fascículos de A Paleta e o Mundo, mas também com Fernando Lopes Graça, João José Cochofel, Fernando Namora, Alves Redol, António José Saraiva, patente, em alguns dos casos, em edições sistemáticas das suas obras.

Luís Andrade