Dilermando Marinho
Soares Lopes
Carlos Barroso
Manuel de Azevedo

Dados editoriais

Sol Nascente. Quinzenário de Ciência Arte e Crítica surgiu no Porto a 30 de Janeiro de 1937 e conheceu a sua quadragésima quinta e última edição, na mesma cidade, em 15 de Abril de 1940.

A circunstância de Dilermando Marinho ser o único dos fundadores com maioridade conferiu-lhe as funções de editor e proprietário do periódico que desempenhou ao longo de toda a sua publicação.

A Direcção esteve a cargo de Carlos F. Barroso, acompanhado por Lobão Vital, nas quatro primeiras publicações, e de J. Soares Lopes, até à vigésima sexta edição.

Os restantes cargos administrativos e redactoriais mostram-se muito transitórios, sendo mesmo suprimidos a partir do quinto número do quinzenário, quando metade dos seus fundadores o abandona.

Nesta ocasião, a sede improvisada foi transferida da Rua do Paraíso, n.º 56, no Porto, residência do casal Lobão Vital e Virgínia de Moura, para a Rua do Bonjardim, n.º 629, morada da família de Manuel de Azevedo (onde irá conservar-se por um período longo de tempo, apesar de ter mudado para a Rua Mártires da Liberdade, n.º 160, entre as edições 32 a 37, e para o n.º 433, igualmente da Rua do Bonjardim, nas suas três derradeiras aparições).

A divergência precoce no seio da redacção, cujos motivos não foram aclarados, conduziu também à mudança de empresa de composição e impressão, que passou da Tipografia Civilização, na Cedofeita, para as Oficinas de O Primeiro de Janeiro, na Baixa portuense.

A partir de Abril de 1939, uma segunda cisão, claramente programática, justificou que a redacção passasse a solicitar que a correspondência fosse enviada para a Couraça de Lisboa, n.º 38, em Coimbra.

Entre as edições de 15 de Agosto de 1937 e 15 de Janeiro de 1938, Sol Nascente anunciou uma Secção de Livraria.

Pouco depois, as Edições “Sol Nascente” publicaram o volume de novelas Ilusão na morte, de Afonso Ribeiro, em 1938, e o poema Sinfonia da guerra, de António Ramos de Almeida, em 1939. Seguir-se-iam A mão de lobo, novelas de Joaquim Namorado, O materialismo e a cultura, ensaios de Rodrigo Soares, e Aviso à navegação, poemas igualmente de Joaquim Namorado.

O quinzenário que respeitou a periodicidade indicada até meados de 1938 passou, a partir de então, a mostrar-se muito irregular na sua publicação, o que se deve certamente às vicissitudes financeiras que teve de vencer, por regra associadas ao pagamento do papel, que corria aparte das despesas de tipografia, mas também ao facto de ter passado a ser produzido por uma nova redacção, sediada em Coimbra.

editorial info

Os dados disponíveis sobre a receptividade da revista mostram-se muito vagos. Segundo Jorge Mendonça Torres, os exemplares destinados aos assinantes cabiam em duas malas de viagem. Já a tiragem global seria da ordem do milhar, número indicado pela redacção no editorial comemorativo do terceiro aniversário da revista. A Bertrand serviu não só de local de venda mas também de distribuição do periódico.

Os documentos principais do processo que conduziu à proibição de Sol Nascente são agora conhecidos e revelam que os Serviços de Censura à Imprensa se mostraram particularmente sensíveis aos artigos de política internacional publicados na revista. Não tendo conseguido vergar o seu teor ao foro dos temas culturais, cumpriram, em Abril de 1940, a ameaça de proibição que estava implícita na suspensão comunicada em meados de Fevereiro.

Luís Andrade