José Maria de Mello de Matos
Rozendo Carvalheira

Dados editoriais

A Construcção Moderna – Revista Illustrada foi a primeira publicação periódica portuguesa dedicada à divulgação das modernas artes da construção contemporâneas em artigos que abordaram temas relacionados com as técnicas e as estéticas da arquitectura, da engenharia da edificação e do urbanismo. Durante 19 anos de edição, publicou entre 1 de Fevereiro de 1900 e 25 de Julho de 1919, com periodicidade quinzenal (24 números anuais) ou de três números por mês (36 números anuais durante o período do Ano II-1902 ao Ano X-1910) num total de 542 números. Publicando-se a 1 e a 15 de cada mês, passa a sair aos dias 1, 10 e 20, e já em 1919 encontrava-se nas bancas aos dias 10 e 25.

É de realçar a entrega do índice e anterrosto de cada ano nos primeiros meses do ano seguinte. Nestes elementos encontrar-se-á espaço adicional para a inclusão de anúncios, necessários para a viabilidade financeira da publicação, como se referiu ao longo dos anos. O primeiro anúncio surge isolado logo no n.º 45, do Ano II, dedicado a estuques e pinturas. Destaque-se ainda o interesse pela captação de assinantes no Brasil, ilustrado pela inclusão do valor da sua anualidade nesse país nas capas anuais de anterrosto.

Assumem a direcção técnica o engenheiro José Mello de Mattos e o arquitecto de obras públicas Rosendo Carvalheira. Ambos contribuem para tornar o periódico num lugar de difusão e debate sobre arquitectura e urbanismo, divulgação de projectos de autores, difusão de novas tipologias e estilos, que se edificavam em diversos sítios do país. Como director administrativo encontramos Eduardo A. Nunes Collares, considerado o impulsionador da publicação, embora só tenha assumido a direcção técnica em 25 de Junho de 1915, após o falecimento de José Mello de Mattos; será também, aliás, editor, director e proprietário da 1ª série da revista A Architectura Portugueza a partir de Maio de 1909.

Tendo como agentes directos os projectistas, críticos e publicistas, as políticas editoriais assumidas contribuem para a modernização cultural e material do país. Em 1910, e a partir da edição do n.º 325, a revista reforça a sua vertente técnica ao passar a designar-se A Construcção Moderna – Revista Technica Illustrada. A fusão com a revista As Artes do Metal, em 1911, marcou um período importante na sua cronologia, passando a apresentar-se no n.º 337 como A Construcção Moderna e as Artes do Metal – Revista Quinzenal Illustrada, até Março de 1914, num total de 78 números. No entanto, este destaque perder-se-á a partir do n.º 415, quando retomou o nome original A Construção Moderna – Revista Quinzenal Illustrada, que utilizou até ao final da sua existência.

Graficamente, a composição das suas oito páginas de conteúdos gráficos e textuais seguiu uma matriz que encontrou nas suas congéneres e contemporâneas revistas estrangeiras, como é o caso da francesa La Construction Moderne (1885-1943), da espanhola La Construcción Moderna (1903-1936) e da italiana L'Edilizia Moderna (1892-1917).

A modernidade destas publicações observa-se no uso de uma linguagem gráfica que equilibra manchas de texto com manchas de imagens, tendo como factor inovador o recurso à fotografia. No caso d’A Construcção Moderna, as gravuras eram executadas de propósito, como nos dão conta em editorial logo no início do Ano II.

Ao longo dos fascículos são referidas mudanças provisórias da redacção e administração, e a composição e impressão conheceu também mudanças de tipografia.

N.º 1 (1 Fev. de 1900)
Redacção e administração: Bairro dos Castelinhos, Rua B, Porta L C, 2.º.

N.º 221 (1 Mai. de 1907)
Redacção e administração: Rua Maria Andrade, 10, 2.º.
Tipografia: Rua do Diário de Notícias, 93.

N.º 253 (20 de Mar. 1908)
Tipografia: Centro Tipográfico Colonial, Rua da Conceição da Glória, 78.

N.º 278 (1 Dez. de 1908)
Tipografia: Centro Tipográfico Colonial, Largo da Abegoaria, 28.

N.º 335 (s. d.)
Redacção e administração: Rua Pascoal de Melo, 13.
Tipografia: Tipografia Adolfo de Mendonça, Rua do Corpo Santo, 46 e 48.

N.º 301 (20 Ago. de 1909)
Tipografia: Centro Tipográfico Colonial, Largo da Abegoaria, 28.

N.º 337 (5 Jan. de 1911)
Editor: Mário Colares.
Tipografia: Tipografia de António Maria Antunes, Calçada da Glória, 6 a 10 – Travessa do Fala-Só, 1 a 5.

N.º 348 (20 Jun. de 1911)
Redacção e administração: Rua de Ponta Delgada, 20.

N.º356 (20 Out. de 1911)
Tipografia: A Nacional, Rua da Conceição da Glória, 40.

N.º 358 (20 Nov. de 1911)
Redacção e administração: Rua da Bempostinha, 126, 2.º.

N.º 366 (20 de Mar. 1912)
Redacção e administração: Rua da Conceição da Glória, 38.

N.º 374 (20 Jul. de 1912)
Tipografia: César Piloto.

N.º 383 (5 Dez. de 1912)
Redacção e administração: Rua Palmira, 58, 2º.

N.º 402 (25 Set. de 1913)
Tipografia: Tipografia César Piloto, Largo de S. Roque, 11 e 12.

N.º 415 (10 Abr. de 1914)
Tipografia: Centro Tipográfico Colonial, Largo da Abegoaria, 27 e 28.

N.º 444 (25 Jun. de 1915)
Direcção Técnica: Rosendo Carvalheira; Eduardo A. Nunes Colares.

N.º 512 e 514 (Mai. de 1918)
Tipografia: Largo Rafael Bordalo Pinheiro, 27 e 28.